domingo, 27 de fevereiro de 2011

Blue Valentine (Namorados para sempre)


Encerrando a minha corrida pro Oscar 2011 fui conferir este Blue Valentine cujo casal de protagonistas eu super simpatizo. O moço Ryan Gosling despontou há alguns anos no Tolerância Zero onde interpretava um judeu neo-nazista e desde então tem feito alguns filmes bem bacanas. Já a Michele Williams, viúva do Heath Ledger, é figurinha fácil desde os idos da adolescência onde vivia Jen Lindley, a vizinha fácil de Dawson no seriado teen Dawson´s Creek. 

Além desta simpatia pelos atores, a única informação que eu sabia é que eles interpretam um casal cujo relacionamento está em crise. Agora a parte escrota - atenção contém um spoiler - é que apesar do título original sugerir tristeza, o título brasileiro dá a entender que o final é feliz. E não é o caso. Tirando esta propaganda enganosa, o filme é ótimo. Totalmente carregado pelos atores que estão incríveis no papel, dá pra entender porque ela foi indicada a melhor atriz. O roteiro é esperto contando a história de Dean e Cindy no presente, onde Dean e Cindy claramente não tem mais aquele amor um pelo outro, e vai intercalando com cenas do passado mostrando como nasceu a relação entre eles. Eles se esforçam para fazer  o casamento dar certo, mas isso não é exatamente a coisa mais fácil de se fazer quando as expectativas que eles tem de si são conflitantes. Gostei bastante do filme. Só não se deixe levar pelo título brazuca, é uma história triste com final triste. Os créditos finais entrecortados por fogos de artifício dão o toque final do reverso da apoteose que foi a relação.


Ficha Técnica:
Título Original: BlueValentine
Título no Brasil: Namorados para Sempre
Direção: Derek Cianfrance
Roteiro: Derek Cianfrance
Gênero: drama
Origem: EUA
Duração: 112 min


Elenco:
Ryan Gosling ... Dean
Michelle Williams ... Cindy
Faith Wladyka ... Frankie
John Doman ... Jerry
Mike Vogel ... Bobby

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tropa de Elite 2 - O Inimigo agora é outro

Mais do que um filme, Tropa de Elite 2 é um fenômeno brasileiro. Se o primeiro da séria já havia sido um sucesso estrondoso, mesmo com o vazamento das cópias piratas antes do lançamento do filme nos cinemas, a sequência conseguiu um feito histórico: a maior bilheteria de um filme brasileiro de todos os tempos. Não tem Avatar que segure. Se não me engano, o Brasil foi o único mercado aonde o filme de James Cameron não alcançou o posto de maior bilheteria no ano passado.

Focando nos problemas da milícia carioca que herdamos dos desastrosos anos Garotinho, Tropa 2 traça um esperto raio-x que torna compreensível aos cidadãos comuns (como eu e você) o porquê desta escalada da corrupção na segurança pública e nos aponta um futuro bem nebuloso a depender dos políticos que estão nas Câmaras, Assembléias e no Congresso Nacional. É foda quando termina o filme e você se acorda para o fato de que tudo isso ocorre no seu entorno. Esta semana mesmo caiu o chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, que havia fechado a DRACO (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado) pois havia suspeitas de corrupção lá dentro. Agora começa a aparecer também denúncias contra o Turnowski pelo mesmo motivo. E aí? Tamu tudo fudido batiman? 

É um filme fundamental pra ser revisto e, mais que isso, para despertar a revolta (no bom sentido da coisa) dentro de nós que não dá mais para ficar engolindo corrupção a torto e a direito. O custo humano não pode ser banalizado desta maneira.

Ficha Técnica:
Título Original: Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro
Direção: José Padilha
Roteiro: José Padilha, Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel
Gênero: ação, policial, thriller, drama
Origem: Brasil
Duração: 116min


Elenco:

Wagner Moura ... Tenente-Coronel Nascimento
Irandhir Santos ... Diogo Fraga
André Ramiro ... André Matias
Pedro Van-Held ... Rafael
Maria Ribeiro ... Rosane
Sandro Rocha ... Russo
Milhem Cortaz ... Tenente-Coronel Fábio
Tainá Müller ... Clara
Seu Jorge ... Beirada

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Somewhere (Um lugar qualquer)

Confesso que tenho um pouco de implicância do hype em cima da Sofia Coppola. Não consigo enxergar essa coca-cola toda que criaram em cima dela desde Encontros e Desencontros, que só não caiu no esquecimento por conta do Bill Murray e seu "santori times". Ainda acho que o melhor filme dela foi a sua estréia Virgens Suicidas. Mesmo assim fico curioso a cada lançamento novo da moça.

Este Um lugar qualquer fala de um universo bem pessoal e bem conhecido pela diretora que é a vida das celebridades. Neste caso a vida de um super-astro. Jonhy Marco (Stephen Dorff) é o ator do momento, vive todo o glamour que a fama hollywoodiana lhe permite. Festas, bebidas, carros esportivos e muito sexo. De certa forma é bem alienado do mundo, não faz muita idéia de quem são as pessoas ao seu redor e nem quais são os seus compromissos. O único norte que tem são as ligações telefônicas de sua agente que lhe anunciam os próximos passos da agenda. E os intervalos são preenchidos por festas e muito sexo casual. Essa rotina acaba sendo interrompida quando sua filha, Cleo, aparece para passar uns dias. E ele tenta agradar ao máximo a menina, fazendo todas as vontades dela. 

O filme é na verdade uma crítica a esse modelo de vida vazio. Por mais que a primeira vista seja o máximo todo o glamour, as festas, viagens internacionais, dirigir carrões e etc, o que se vê no fim das contas é um adulto perdido, sem amigos de verdade, sem uma família com que possa contar e mais despreparado para o mundo que sua própria filha. Johnny mora num hotel por total incompetência de conseguir administrar uma casa. Nem cozinhar uma refeição ele sabe. Chega a ser cruel a comparação com os pratos quase requintados que Cleo prepara para ele. A melhor cena do filme é a ligação-desabafo de Jonhny para sua ex-mulher aonde reconhece sua dificuldade em levar a vida. O filme tem um ritmo lento e poucas falas que reflete bem o vazio interno de Johnny. Sua vida é vazia e ao longo do filme aparecem alguns casos e ex-casos do ator que mostram bem a relação superficial que ele mantém com as pessoas ao seu redor. Ainda que isso gere muita capa de revista e interesse midiático, não resolve o fato de que ele é sozinho no mundo.

Passei dois terços do filme achando um saco total, mas mudei de opinião conforme o final se aproximava, quando finalmente o personagem de Johnny começa a se revelar e o filme ganha um sentido. Taí o segundo filme que gostei da Sofia Coppola.


Ficha Técnica:
Título Original: Somewhere
Título no Brasil: Um lugar qualquer
Direção: Sofia Coppola
Roteiro: Sofia Coppola
Gênero: drama
Origem: EUA
Duração: 97min

Elenco:
Stephen Dorff ... Johnny Marco
Elle Fanning ... Cleo
Chris Pontius ... Sammy

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Due Date (Um parto de viagem)

A tradução bem que podia ser Um Parto de Assistir, porque vou te falar: ô filminho equivocado. Sério, não tem nada que salve. A história é um amontoado de situações forçadas para gerar uma comédia que não consegue produzir nem  um sorriso amarelo no espectador.

A história começa com a chegada de Peter e Ethan no aeroporto. Eles se conhecem no embarque e logo descobrimos que ambos estão no mesmo voo, mas por uma situação esdruxulamente colocada no roteiro, eles são retirados do voo e probidos de voar em qualquer avião. Resta então atravessar os EUA de carro para chegar em LA. Numa situação normal, cada um seguiria seu caminho, mas já te alertei que o roteiro era forçado né? Então eles dividem um carro para fazer essa viagem dando início ao pior filme que assisti este ano.

Os atores estão bem fracos no papel também, o Downey Jr interpreta Downey Jr e o Zach Galifianakis repete o mesmo personagem que fez em Se Beber não Case, aliás o que mais me motivou a ver o filme era o fato de ser o mesmo diretor, porém desta vez ele errou a mão feio. Não perca seu tempo. Passe batido.

Ficha Técnica:
Título Original: Due Date
Título no Brasil: Um parto de viagem
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Alan R Cohen, Alan Freedland
Gênero: comedia
Origem: EUA
Duração: 95min



Elenco:
Robert Downey Jr. ... Peter Highman
Zach Galifianakis ... Ethan Tremblay / Ethan Chase
Michelle Monaghan ... Sarah Highman
Jamie Foxx ... Darryl
Juliette Lewis ... Heidi
Danny McBride ... Lonnie
RZA ... Airport Screener

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

The Brood (Filhos do Medo)

Normalmente os filmes do Cronenberg tem um quê terror psicológico. Histórias sobre o lado negro das pessoas e sobre assuntos que gostamos de deixar de lado, que contém frustrações, cicatrizes, mutações, sangue e um pouco de carnificina, às vezes. Este Filhos do Medo tem de tudo isso um pouco. De acordo com o próprio diretor é sua versão deformada de Kramer vs Kramer.

Aqui conhecemos a família Carveth. Nola tem problemas mentais e está internada numa clínica para fazer uma terapia psicoplásmica (seja lá o que isso for...) com o obscuro Dr Hal Raglan que a impede de qualquer contato com seu ex-marido Frank Carveth. Ele nem ligaria, se não fosse pelo fato sua pequena filha Candice haver voltado com as costas toda machucada após a última visita com a sua mãe na clínica. Frank confronta Hal para falar com a ex-mulher e pedir explicações, porém o misterioso doutor o impede alegando que isso irá prejudicar o tratamento dela. Para complicar ainda mais a situação, a mãe de Nola é assassinada por uma criatura que não é exatamente humana. E de alguma forma tudo isso está relacionado a este tratamento psicoplásmico.

Ainda que os efeitos especiais sejam toscos decáda-de-70-style e o protagonista seja um canastrão, gostei do filme. Dá para perceber o talento do Cronenberg apesar das limitações técnicas e orçamentárias. Tem um conceito que apesar de totalmente inverossímel (ok, é uma ficção...) está bem amarrado e cria uma atmosfera bacana pro filme. E no fim das contas isso acaba sendo melhor que noventa por cento dos filmes de terror que cansam de ser produzidos a cada ano.


Ficha Técnica:
Título Original: The Brood
Título no Brasil: Filhos do Medo
Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Cronenberg
Gênero: terror, ficção
Origem: Canadá
Duração: 92min

Elenco:
Oliver Reed ... Dr. Hal Raglan
Samantha Eggar ... Nola Carveth
Art Hindle ... Frank Carveth

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Winter´s Bone (Inverno da Alma)

Quando acabou a filme pensei: a garota sofre a história inteira para finalmente conseguir voltar ao status normal da sua vida pobre e com poucas perspectivas de um futuro. Que merda hein?

Ree é uma adolescente de dezessete anos cuja mãe sofre de depressão e o pai além de ausente vive com os dois pés na ilegalidade. Sem pais para ajudar, ela é quem cuida dos irmãos menores. Faz comida, leva as crianças para escola e ainda cuida dos afazeres domésticos. Mas nada é tão ruim que não possa piorar, certo? E um belo dia o xerife bate a porta de Ree e lhe comunica que seu pai dela não aparecer na audiência perante ao juiz marcada para a próxima semana, toda a família será desalojada pois a casa havia sido amarrada no processo. O problema é que ela não faz idéia de onde está o pai, ainda assim Ree responde na lata ao xerife que vai encontrá-lo vivo ou morto. E determinação ela tem. A jornada de Ree para salvar a família do despejo é dura. E a jovem atriz Jennifer Lawrence, indicada ao Oscar por este papel, está incrível. Ela vale o filme que mostra um tema normalmente esquecido pelos filmes de hollywood, o white trash. Aquela pequena parcela branca e pobre que não desfruta do tal sonho americano. Bom filme! Fica a dica.


Ficha Técnica:
Título Original: Winter´s Bone
Título no Brasil: Inverno da Alma
Direção: Debra Granik
Roteiro: Debra Granik, Anne Rosellini
Gênero: drama, thriller, 
Origem: EUA
Duração: 100 min

Elenco:
Jennifer Lawrence ... Ree
Isaiah Stone ... Sonny
Ashlee Thompson ... Ashlee
Valerie Richards ... Connie
Shelley Waggener ... Sonya


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sisters (Irmãs Diabólicas)

Não é nenhuma novidade dizer que o DePalma é o diretor mais hitchcockiano depois de Hitchcock. O mestre do suspense é a inspiração mais visível nos filmes de DePalma, e este Irmãs Diabólicas não é exceção a regra. Para não restar nenhuma dúvida, o filme já abre com uma música bem tensa que é assinada, por ninguém menos que Bernard Herrmann, o compositor das trilhas sonoras de clássicos hitchcockianos como Psicose, Vertigo e Intriga Internacional.

Danielle é uma modelo e aspirante a atriz que vive em Nova York cujo passado sombrio esconde a relação com sua irmã gêmea siamesa, Dominique, de quem foi separada por uma operação bem-sucedida. Melhor dizendo, bem-sucedida em termos porque a operação deixou sérios traumas psicológicas nas gêmeas. Seu ex-marido, Emil, continua rondando a cerca tentando recuperar seu casamento com Danielle, que deixa a fila andar e sai com Philip. Só que ao deixar de tomar seu remédio, seu desequilíbrio emocional se acentua e ela assassina Philip, numa cena bem toscas para os padrões de hoje (o sangue é vermelho-tinta-de-bombeiro), mas que provavelmente deve ter assustado muita gente quando foi feita. A construção da trama é muito boa, e o DePalma é mestre em seduzir o espectador nas suas tramas. Ele sabe fazer isso com maestria., mesmo quando seus filmes não funcionam, sempre há cenas geniais no que refere a criação de clímax.

Margot Kidder interpreta Danielle no filme e mais tarde encarnaria o papel de Lois Lane na primeira série de filmes do Superman (aqueles com o Christopher Reeves). E acho que depois disso ela sumiu do mapa, ou pelo menos nunca mais vi um filme com ela. Bom, ao que consta na década de 70, ela dividia uma casa com Jennifer Salt, que no filme interpreta uma jornalista bem curiosa que vai investigar a fundo o assassinato de Philip. As duas eram bem amigas de DePalma, e daquela nova gangue de cineastas que estavam surgindo naquele período como Scorsese, Spielberg e George Lucas. As moças eram bem sintonizadas com o trinômio sexo, drogas e rock´n´roll. Bom este últlimo não sei ao certo, mas os dois primeiros com certezas. E passaram o rodo em boa parte dessa galera que frequentava as festas que elas davam na sua casa perto da praia. Ao menos antes do ostracismo essa "amizade" rendeu um bom filme para elas.


Ficha Técnica:
Título Original: Sisters
Título no Brasil: Irmãs Diabólicas
Direção: Brian DePalma
Roteiro: Brian DePalma
Gênero: thriller, suspense, crime
Origem: EUA
Duração: 93min

Elenco:
Margot Kidder ... Danielle Breton / Dominique Blanchion
Jennifer Salt ... Grace Collier
Charles Durning ... Joseph Larch
William Finley ... Emil Breton (as Bill Finley)


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

McCabe and Mrs Miller (Jogos e Trapaças - Quando os Homens são homens)

Robert Altman e Warren Beaty estavam em alta quando se reuniram para fazer este McCabe & Mrs Miller. O diretor tinha acabado de sair de M*A*S*H*, tido como sua obra-prima e Beatty ainda colhia frutos do sucesso de Bonnie & Clyde. Eu particularmente tenho um pouco de implicância com os filmes do Altman, porque acho o ritmo da ação de seus filmes desnecessariamente lento e aquele papo de zoom-in e zoom-out em cada cena cansa, mas vai ver eu esteja começando a apreciar esta última característica. Pelo menos desta vez isso não me incomodou.

A estória se passa em algum lugar no Oeste, durante o inverno. Recém-chegado numa cidadela em construção John McCabe, esconde seu passado enquanto cria uma reputação de empresário. Seus planos incluem a abertura de duas casas noturnas: um puteiro e salão de jogos. Apesar de não ser exatamente um ás nos negócios, é muito carismático e a chegada da cafetina Mrs Miller, que logo vira sua sócia na casa da luz vermelha, levam os negócios a uma posição muito confortável. A medida que a cidade cresce, aumenta também o prestígio de McCabe. E quando seu prestígio fica grande demais, chegam os peixes grandes querendo comprar todos os seus empreendimentos na cidade. Ambas as partes tentam negociar, mas o diálogo fraco leva a um conflito iminente. A história flui bem ao longo das duas horas, cada momento acrescentando um ou outro elemento que nos permite acompanhar não só o crescimento da cidade, como o envolvimento entre os personagens principais. Altman estava realmente numa fase boa, fez um filme ótimo com esse McCabe.


Ficha Técnica:
Título Original: McCabe & Mrs Miller
Título no Brasil: Jogos e Trapaças - Quando os Homens são homens
Direção: Robert Altman
Roteiro: Robert Altman
Gênero: drama, faroeste
Origem: EUA
Duração: 120 min


Elenco:
Warren Beatty ... John McCabe
 Julie Christie ... Constance Miller
 Rene Auberjonois ... Sheehan
 William Devane ... The Lawyer
 John Schuck ... Smalley

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Five Easy Pieces (Cada um vive como quer)

Easy Rider abriu os olhos das produtoras e dos estúdios de cinema na virada da década de 60/70. Descobriram que era possível fazer filmes baratos que geravam quantias absurdas nas bilheterias. Serviu também para o pontapé na bem-sucedida carreira de Jack Nicholson que emendou logo na seqüência este Cada Um Vive como Quer, aonde interpreta Bob, um adulto sem rumo definido da vida que segue pulando de bicos em bicos, fazendo trabalhos braçais que não lhe dá nenhuma perspectiva de futuro. Rayette, sua namorada, é completamente doida por ele, quer casar e ter filhos, mas Bob não faz a menor questão de acompanhá-la nesses planos para o futuro. Não se dá nem ao trabalho de disfarçar bem os casos que vão surgindo pelo caminho. Ao reencontrar com sua irmã se vê compelido a fazer uma visita ao lar que abandonou anos atrás para visitar o pai já doente.

Engraçado que o filme muda de foco no caminho, começa mostrando um personagem egoísta que não liga para ninguém, vira um road-movie e depois se transforma no drama sobre a volta para casa e o fato de que não se pode fugir da realidade. Claro que sobra também uma boa dose de crítica a sociedade americana, é um filme gravado durante a guerra do Vietnã, então é claro que há ecos ali dos problemas da sociedade, do conflito de gerações, da liberdade sexual e da dificuldade do diálogo entre pais e filhos. São diversos anseios para serem resolvidos em poucos minutos. Não espere nenhum tipo de redenção de Bob. A única forma que ele enxerga para lidar com seus problemas é fingir que eles não existem ou fugir deles. É claro que isso não pode terminar bem. Jack Nicholson está ótimo no papel mesclando muito bem as nuances de Bob, canalha com as mulheres, fraterno com sua irmã e frágil perante sua família. Não é nenhuma brastemp, mas se for fã de Jack Nicholson, vale como curiosidade.

Ficha Técnica:
Título Original: Five Easy Pieces 
Título no Brasil: Cada Um Vive como Quer
Direção: Bob Rafelson
Roteiro: Carole Eastman
Gênero: Drama
Origem: EUA
Duração: 98min

Elenco:
Jack Nicholson ... Robert Eroica Dupea
Karen Black ... Rayette Dipesto
Billy Green Bush ... Elton (as Billy 'Green' Bush)
Fannie Flagg ... Stoney
Sally Struthers ... Betty





quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mean Streets (Caminhos Perigosos)


Sempre tive um pouco de birra com o oba-oba em cima do Scorsese. Nunca entendi por exemplo o frisson com Taxi Driver, que pretendo rever em breve. Não que ele não seja um bom cineasta. Ele é, mas tenho um pouco de impressão que ele é superdimensionado, às vezes. Veja bem, às vezes. Recentemente, pelo menos ele tem feito filmes muito melhores do que fazia. Por exemplo, Gangues de Nova York dá um banho em filmes como Depois de Horas ou O Rei da Comédia. Ainda motivado pela livro do Biskind, resolvi assistir a um de seus primeiros filmes, Caminhos Perigosos.

É um passeio pela Little Italy nos anos 70, um ambiente dominado pelo mafiosos e escroques locais, com seus redutos boêmios (bares e peep-shows), seu preconceito latente contra os de fora do bairro, os gays e os negros. E uma forte influência do catolicismo. O filme é bem pessoal e diz muito sobre o universo do próprio Scorsese que foi criado neste bairro. Não que ele tenha se envolvido com esses tipos barra pesada, pelo menos não antes de hollywood hehehe, mas com certeza são elementos que dizem muito do ambiente onde ele foi criado. Os tais caminhos perigosos são traçados por Charlie (Harvey Keitel) um boa-praça com boas habilidades na mediação de conflitos que é sobrinho do manda-chuva local, embora não se aproveite do fato para conseguir se dar bem. Ele vislumbra a possibilidade de gerenciar um restaurante local, que o seu tio vem lhe prometendo há tempos. E tudo correria bem, se não fosse sua insistência em apadrinhar e proteger Johnny Boy (Robert De Niro, no papel que lhe valeu o ingresso no elenco de O Poderoso Chefão II) o primo problemático de sua namorada. Óbvio que isso não vai terminar bem.

Mais do que a trama em si, Caminhos Perigosos vale pela direção do Scoresese. Aqui ele realmente abriu caminho para si, mostrando um novo modo de como os filmes podem ser dirigidos em Hollywood. O (bom) uso da trilha sonora, daquelas bem pop anos 60, em meio ao caos dos personagens e aquele ambiente de promiscuidade causa um estranhamento de início mas fica ótimo para as cenas. E é aí que você vê como isso foi transformador não só quando foi lançado, mas também como influenciou uma série de cineastas e filmes nas décadas seguintes. Tem uma cena do Keitel quando ele entra no bar e a música sobe, que com certeza foi homenageada depois pelo seu amigo De Palma em O Pagamento Final,   que é incrível pois consegue jogar o espectador diretamente no ambiente onde o personagem está de forma brilhante. Outra marco do filme foi o uso fantástico da snorricam na cena onde o Keitel fica bêbado. São cenas que ficam na mente e que ainda tiveram impacto suficiente para influeciar algumas dezenas de filme depois. Isso não é pouco, não. Gostei bastante. Aliás bem mais do que de Taxi Driver...


Ficha Técnica:
Título Original: Mean Streets
Título no Brasil: Caminhos Perigosos
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Martin Scorsese, Mardik Martin
Gênero: drama, crime
Origem: EUA
Duração: 112min

Elenco:
Robert De Niro ... Johnny Boy
Harvey Keitel ... Charlie
David Proval ... Tony
Amy Robinson ... Teresa
Richard Romanus ... Michael

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

The King´s Speech (O Discurso do Rei)

O Discurso do Rei foi, pra mim, a grande surpresa no último Globo de Ouro, porque não havia nem sequer ouvido falar do filme até ele surgir com sete indicações na premiação em todas para as categorias principais (filme, roteiro, ator, atriz e direção). Apesar de sair com apenas uma estatueta, pro Colin Firth, merecidamente, diga-se de passagem. Chega com grande força ao Oscar, com 12 indicações e possivelmente sairá de lá como melhor filme. Acho que só o Bravura Indômita tem chances de tirar esse prêmio da mão do rei (a minha escolha pessoal é A Origem, mas duvido que vá ganhar alguma coisa).

Voltando ao reinado, a história é sobre a luta contra a gagueira do Rei George VI em meados dos anos 30 e 40, quando ainda se encontrava na posição de príncipe, sendo o segundo na sucessão ao trono da Grã-Bretanha. É uma história real, aliás duplamente real (sacou "oh-oh"), que foi muito bem roteirizada e transformada num filmaço. Parabéns aos envolvidos, principalmente as atuações do Colin Firth, barbada no Oscar, e do sempre ótimo Geoffrey Rush. Sério, esse cara devia ganhar um prêmio da Austrália pelos bons serviços ao país. A interpretação dele como técnico vocal para o Rei é fantástica. O filme já vale só pelos dois atores, mas vai além. Tem bons atores coadjuvantes, um bom roteiro e uma boa direção, do desconhecido (para mim) Tom Hooper. Fique de olho. Vai fazer bonito dia 27 de fevereiro, anota aí.

Ficha Técnica:
Título Original: The King´s Speech
Título no Brasil: O Discurso do Rei
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Gênero: drama
Origem: UK, Australia, EUA
Duração: 118min

Elenco:
Colin Firth ... King George VI
Helena Bonham Carter ... Queen Elizabeth
Derek Jacobi ... Archbishop Cosmo Lang
Geoffrey Rush ... Lionel Logue